sexta-feira, 19 de outubro de 2012

O pequeno grande homem!

Me lembro da primeira ida a casa da Dona Maria, foram tantas depois da primeira. Anos de muita alegria e de irreverência, vivências únicas que guardo em meu peito e em meus pensamentos.

Logo me lembro de estar vendo um filme com Ana e de ter em mãos uma bola que me foi entregue em sua primeira brincadeira devidamente vista por mim. Peguei a bola joguei na cabeça dele bem de leve e logo vinha o choro e o drama que virou uma de suas marcas registradas... eram tantas.

 Lembro de manhãs, tardes e noites de muito calor, em que ele não parava quieto um minuto. Todo objeto em suas mãos era pré disposto a ser lançado em minha direção, que fosse por um singelo e irritante "Kbeçudo" ou por falar qualquer besteira no qual ele se sentia irritado e logo vinha ele jogando Homem aranha, carrinhos e outras coisas, mas o principal objeto a ser lançado, que logo viria a ser outra marca registrada de suas brincadeiras e inocências, as almofadas de Dona Maria. Não ficava uma em seu lugar no sofá da sala. Eu revidava, a criança que ali havia despertava a que em mim se escondia e depois de muita bagunça lá vinha a Ana gritando e falando pra gente parar. Que parecíamos duas crianças, mas a pergunta que fica é - Quem não vira criança perto de um menino cheio de energia, de carinho e travessuras inexplicáveis? Eu viro!

São muitos episódios engraçados. Um dia inventei de levar uma lata de Spray artístico para a casa da Dona Maria e logo virou palhaçada, escrevi Rui Cabeção no muro e logo lá vinha ele e suas birras, tomou minha lata de Spray e começou a escrever no muro, escreveu seu nome e brincou bastante como sempre fazia.
O nome lá permanece, riscado no meio pelo Spray, mas não apagado. As almofadas estão em seus devidos lugares, talvez pela primeira vez em muitos anos.


 O ritmo diminuiu, deu uma desacelerada na música. Ficou um certo vazio e uma vontade de quero mais em algum lugar que eu não me lembro onde. Talvez na sala, talvez na porta da rua ou na grande correria e risadaria provocada pela esperteza e mansidão que se misturavam em uma só pequena pessoa. São momentos que podem parecer bobos, quase imperceptíveis, mas que hoje na ausência do pequenino nos fazem ver a importância e as lembranças que pequenos momentos podem nos oferecer... para sempre!

Texto: Siro Murta Borém
Fotografia: Ana Paula Araújo

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